Alguns usuários enfrentavam dificuldades para utilizar o Twitter na tarde desta segunda-feira (6.mar), o segundo apagão em menos de uma semana, demonstrando que a empresa está sofrendo para manter sua infraestrutura rodando sem problemas após demitir mais de dois terços de seus funcionários.
Em 1.mar.2023, o Twitter ficou fora do ar por algumas horas. No ano, foi pelo menos o quanto apagão da rede.
MOTIVO. A razão pela qual o Twitter sofreu mais um colapso foi por conta de mudanças em sua API.
APIs são interfaces que entregam ou recebem dados a fim de facilitar o desenvolvimento de aplicações e recursos. São recursos inerentemente poderosos e sutis, e mudanças nelas podem ter consequências imprevisíveis – até mesmo derrubar partes de um site ou aplicativo.
CONTEXTO. Recentemente, o Twitter anunciou que encerraria o acesso gratuito à sua API, basicamente anunciando o fim de diversas aplicações e de acesso de pesquisadores aos dados da empresa.
UMA SÓ PESSOA. Segundo a newsletter Platformer, uma mudança feita por um único engenheiro teve essa consequência – e ele teria sido escalado para garantir, sozinho, a confiabilidade de todo o sistema.
A small API change had massive ramifications. The code stack is extremely brittle for no good reason.
— Elon Musk (@elonmusk) March 6, 2023
Will ultimately need a complete rewrite.
Em um tuíte mais cedo, perfil de suporte da rede social informou que "algumas partes" do site poderiam não estar "funcionando conforme o esperado", por conta de "mudanças internas" com "consequências não esperadas".
Segundo o site DownDetector, houve uma forte alta de casos reportados de problemas envolvendo o Twitter nesta segunda-feira.
O problema parece ter sido corrigido mais de uma hora depois. Durante a queda, tentar clicar em um link mostrou apenas uma mensagem de erro que dizia “seu plano API atual não inclui o acesso a este endpoint”.
Usuários também relataram problemas ao tentar acessar o site pelo modo privativo no navegador ou sem logarem em suas contas.
No mesmo dia em que o Twitter caiu — de novo —, a BBC reportou que Musk contratou seguranças privados para acompanharem ele na sede do Twitter, inclusive no banheiro. Funcionários anônimos falaram à emissora que o CEO está paranoico e com medo de sofrer um “golpe de Estado” na administração da empresa.
Um engenheiro anônimo do Twitter também disse a BBC que “ninguém está cuidando” de trabalhos como moderação de conteúdo no momento, comparando a plataforma a um edifício que parece bem por fora, mas por dentro está “pegando fogo”.
DEMISSÕES. Só em fev.2023, o Twitter caiu quatro vezes. Parece que quanto mais funcionários são demitidos, mais problemas a rede apresenta. Desde nov.2022, o número de funcionários passou de 7,5 mil para 2 mil e Musk chegou a demitir um engenheiro porque seu engajamento caiu.
Segundo o New York Times, em meio a esse passaralho também foram levados “dúzias de engenheiros responsáveis por manter o site online”, além de pessoas em áreas estratégicas como assessoria de imprensa. O Valor Econômico também noticiou que as demissões atingiram parte dos 150 funcionários do escritório brasileiro do Twitter em todas as áreas da empresa, exceto vendas.
SEXTO APAGÃO. Segundo o Platformer, esse foi o sexto episódio mais grave que mostrou como a estrutura do Twitter anda precária.
- Em 23 de janeiro, usuários de Android não conseguiam fazer posts;
- Em 8 de fevereiro, alguns usuários foram alertados de que "sua cota diária de tweets" havia sido exaurida;
- Em 15 de fevereiro, houve falhas em carregamentos de posts;
- Em 18 de fevereiro, houve uma quebra na timeline e respostas a posts desapareceram;
- Em 1º de março, a timeline parou de funcionar.
REPERCUSSÃO. Enquanto o barco afundava, Musk fez um tweet chamando a plataforma de “frágil” e dizendo que o problema seria corrigido em breve.
Teve gente fazendo piada sobre a API paga, dizendo que o próprio Twitter não pode pagar pelo serviço — a empresa está dando calote em vários setores, incluindo aluguéis e serviços de nuvem da Amazon.
E até o G1 fez piada com a instabilidade:
Por Sérgio Spagnuolo e Sofia Schurig
Texto atualizado às 18h26 de 6.mar.2023 para incluir mais detalhes e contexto.