A varíola dos macacos, do inglês monkeypox, é uma doença viral causada por um vírus que pertence a mesma família da varíola humana, ou smallpox. Portanto, são vírus diferentes, mas que estão relacionados.
Apesar do nome bastante sugestivo, especula-se que roedores possam ter uma participação mais ativa no processo de transmissão do vírus, quando comparado com os macacos.
E não é um vírus novo. Na verdade, ele foi descoberto em 1958 e é classificado como patógeno de alta prioridade pela Organização Mundial da Saúde (OMS, ou do inglês, WHO).
First, MPXV is not a novel virus. It is a viral zoonosis first discovered in 1958, with the first human infection reported in 1970. It is classified as a high priority pathogen by WHO, cases mostly identified in central & western Africa until now. (2/n) (https://t.co/hOOWIbjChd\)
— Muge Cevik (@mugecevik) May 21, 2022
Por ser um "parente próximo" da varíola humana, a vacina contra esse vírus é capaz de conferir proteção adicional contra o vírus monkeypox, em torno de 85% de proteção contra a infecção.
Segundo especialistas, a recomendação é de recebê-la dentro dos quatro primeiros dias da data da exposição. Se recebida depois, a vacinação ainda é capaz de reduzir os sintomas da doença, apesar de a proteção contra a infecção ser reduzida.
For more information on the actual vaccine:
— Chise 🧬🧫🦠🔬💉 (@sailorrooscout) May 19, 2022
•https://t.co/MQQuNYjjeQ
•https://t.co/rLIJGs68A9
FYI. Past data from Africa suggests that the smallpox vaccine is at least 85% effective in preventing Monkeypox.
Os principais sinais e sintomas da doença são a febre, linfonodos inchados (popularmente conhecidos como ínguas) e as "bolinhas" na pele (erupções cutâneas), que parecem catapora, mas, no caso da varíola dos macacos, pode causar coceira ou dor.
Symptoms of monkeypox can include fever, swollen lymph nodes and a rash that can mimic other diseases, such as chickenpox. The monkeypox rash can be itchy or painful. In some current cases, the rash has been in the anal or genital area, mimicking sexually transmitted diseases. 3/
— Dr. Tom Frieden (@DrTomFrieden) May 21, 2022
Se você esteve em algum local, recentemente, em que casos de varíola dos macacos foram relatados, e está com erupções cutâneas (alguns exemplos na imagem abaixo), procure um médico imediatamente.
So, the most important thing is to inform our communities & healthcare workers about the clinical presentation, incubation period, so that people can be diagnosed at an earlier possibility, isolated and contacts are protected. This is the range of skin lesions. (20/n) pic.twitter.com/8tce5r4dst
— Muge Cevik (@mugecevik) May 21, 2022
A transmissão do vírus pode se dar por meio de aerossóis, além de contato físico próximo ou por longos períodos de tempo. Felizmente, sua capacidade de transmissão de humano para humano é menor, comparada com a varíola humana.
Fun facts about monkeypox virus:
— Dr. Angela Rasmussen (@angie_rasmussen) May 18, 2022
1. Monkeypox is transmitted by aerosols, direct, & indirect contact
2. Experimental aerosols do not replicate conditions IRL
3. Poxviruses are DNA viruses & stable in the environment
4. Hospitals already use airborne precautions with monkeypox https://t.co/qgy4qUZ7yS
Mas por que estamos vendo esse aumento de casos agora?
Especialistas tem discutido nas redes sociais que os casos podem ter relação com uma série de fatores: a suscetibilidade ao próprio vírus, visto que muitas campanhas de vacinação contra a varíola finalizaram pela década de 80, com a erradicação da varíola humana, além da maior mobilidade.
So, why are we seeing the rise of Monkeypox? It is likely directly related to the fact that we don’t routinely vaccinate against Smallpox, a combination of waning immunity from Smallpox vaccines, and travel. Mass vaccination stopped by 1980, when smallpox was declared eradicated.
— Chise 🧬🧫🦠🔬💉 (@sailorrooscout) May 19, 2022
Outra questão que está sendo discutida, dentro da forma de transmissão, é a possibilidade da transmissão sexual, a qual poderia explicar, em parte, a dinâmica que estamos vendo dos casos atuais em outros países.
Btw, this is not specific to MSM. Sex in general is conducive to spreading monkeypox—again, probably plenty of heterosexual sex-associated household transmission. Come at me with your stigmatizing homophobic takes & I’ll reward your efforts with an immediate block with prejudice.
— Dr. Angela Rasmussen (@angie_rasmussen) May 20, 2022
Cabe alertar, como muitos especialistas vem fazendo nas redes sociais, que não devemos tolerar quaisquer estigmatizações de populações em relação a possíveis vias de transmissão, tampouco argumentações preconceituosas acusando a doença "de ser de uma população" por conta de sua orientação sexual, por exemplo.
We can't effectively respond to new outbreaks without putting into practice important lessons of the past. Thanks to @PLOSGPH for lending your platform to this piece and for @klts0 & @Neurofourier for co-authoring. Stigma has no place in outbreak responsehttps://t.co/E8PMwFrEHM
— BK Titanji #IAmAScientist🇨🇲 (@Boghuma) May 19, 2022
Temos risco de vermos uma nova epidemia?
Apesar de estarmos diante de um vírus que não apresenta uma alta transmissibilidade de humano para humano, os surtos da doença podem ser mais desafiadores de serem controlados se não rastrearmos os contatos e os possíveis contatos com esse agente infeccioso.
PLEASE READ. Monkeypox is NOT as contagious as COVID, and has a different timeline for infectiousness.
— Chise 🧬🧫🦠🔬💉 (@sailorrooscout) May 19, 2022
It's less infectious in the asymptomatic phase and MOST infectious AFTER fever and pustules present. YES, this can be handled by PROMPT selective vaccination of the contacts. pic.twitter.com/lU9W3mFjKI
Uma boa dica é: identificar o caso o mais precocemente possível, isolá-lo, rastrear possíveis contatos desse caso (para limitar a transmissão), vacinar esses indivíduos (contatos e possíveis contatos, numa estratégia chamada de vaccination ring, utilizada com sucesso na erradicação da varíola humana) e investir no monitoramento/vigilância de novos casos.
Monkeypox feels like a middle-ground problem—unlikely to take off as COVID did, but still capable of causing severe outbreaks and, evidently, still full of surprises. The basics apply: identify people early, isolate/treat them, trace contacts, etc. 14/ https://t.co/SvEntsKEd3
— Ed Yong (@edyong209) May 19, 2022
Algo para se levar para a vida...
Para finalizar, o epidemiologista Tom Frieden destaca, em sua thread sobre o assunto, algo crítico de ser levado em consideração para esse e possíveis novos surtos de doenças no futuro (tradução livre):
É inevitável que continuaremos a ver a emergência de ameaças a saúde pública. O que não é inevitável é seguirmos despreparados. COVID-19, monkeypox, e muitos outros exemplos tornam imperativo que aumentemos o investimento global e a ação dos países para fortalecer a saúde pública. Estaremos todos mais seguros"
What’s not inevitable is that we’ll continue to be underprepared. Covid, monkeypox, and much, much more make it imperative that we increase global investment and country action to strengthen public health. We’ll all be safer. 12/end
— Dr. Tom Frieden (@DrTomFrieden) May 21, 2022
E ainda gostaria de acrescentar: a varíola dos macacos (ou monkeypox) é endêmica em algumas regiões da África. Ou seja, tem circulado por essas regiões ao longo do tempo. Estamos vendo, pela primeira vez, uma circulação maior em outros países (regiões não-endêmicas). A ação global em prol da saúde pública precisa abraçar todos os países, lutando para o fim do conceito de "doenças negligenciadas".
Twitter/X