Do ponto de vista biológico, o que significa ser um "paizão"? O comportamento das aves, cujos machos se dedicam intensivamente ao cuidado de seus filhotes, é um bom exemplo disso. Nas aves, a redução temporária nos níveis de testosterona tem grande influência nisso.
E nos seres humanos?
Um estudo recente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) analisou as experiências entre pais biológicos e filhos por várias décadas, e como essa relação poderia impactar nos níveis de testosterona quando adultos, inclusive depois de se tornarem pais.
Segundo o estudo, "os filhos tinham menor testosterona quando se tornavam pais, se seus próprios pais tivessem morado com eles e estivessem envolvidos nos cuidados com o filho, durante a adolescência".
Em linhas gerais, essa experiência entre o filho e seu pai, durante a adolescência, gerava impactos em seus níveis de testosterona na fase adulta, inclusive quando se tornavam pais.
Poderíamos pensar em algum tipo de transmissão através de gerações de comportamentos? Os autores sugerem que sim.
Em seu Instagram, a médica pediatra Mariele Rios comenta que a queda da testosterona em indivíduos do sexo masculino que se tornam pais é algo esperado e natural.
O estudo nas Filipinas mostrou que, no ser humano, assim como em outros animais, o abaixar da testosterona é ideal para que o pai se dedique mais à sua prole, à sua família e "para que não arrume mais filhos antes de garantir os cuidados mais delicados dos primeiros anos", diz ela.
Rios também comenta um importante aspecto da masculinidade, "que envolve cuidado responsável e responsivo da prole".
Nessa outra publicação, ela destaca um conjunto de dados sobre o quanto a proximidade dos pais com seus bebês durante o sono interferia na testosterona. O soninho de pai e filho, além de impactar nos níveis de testosterona do pai, favorece melhor cuidado parental.
E os pais do ano são... as aves!
O biólogo e divulgador científico Dhiordan Lovestain adiciona ainda mais riqueza nessa discussão, trazendo paralelos observados em aves, cujos machos participam ativamente do cuidado de seus filhotes.
Além de chocar os ovos, realizando um revezamento com a fêmea, é observada uma redução nos níveis de testosterona nesses machos, um importante mecanismo para facilitar a proximidade com a prole. Eles também se tornam menos agressivos.
Uma herança que pode ser de longa data...
Em outro conteúdo, Dhiordan comenta que esse comportamento de choca de aves pode estar presente em algumas espécies de dinossauros!
É difícil afirmar categoricamente se todas teriam esse comportamento, mas parece que algumas espécies que possuem paralelos maiores com as aves atuais poderiam ser boas candidatas!
Portanto, o pai do ano manda um recado: a redução da testosterona pode não ser algo ruim – e pode até ser importante – dependendo do contexto que estamos falando!