Como velhos fantasmas, a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, voltou a assombrar nossas portas.
Responsável por 26 mil casos no Brasil, entre 1968 e 1989, essa doença causada por poliovírus já era história passada graças às campanhas de vacinação e altas coberturas vacinais, além de políticas para o enfrentamento e monitoramento desse agente infeccioso.
Tanto que, em 1994, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) declarou o território nacional "livre" da polio.
Porém, casos de polio estão voltando, inclusive em cidades onde há décadas não registravam novos casos. Em Nova Iorque (EUA), por exemplo, um caso foi noticiado em um homem jovem não vacinado contra a polio.
O caso não passou despercebido por especialistas daqui, como Paulo Lotufo, médico epidemiologista e professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Muuuito preocupante a informação de homem com 20 anos com diagnóstico de poliomielite em Nova Iorque. Ao mesmo tempo, o vírus da polio foi identificado nos esgostos da cidade. https://t.co/3LUBmE80W5 via @statnews
— Paulo Lotufo (@PauloLotufo) August 7, 2022
Vírus até no esgoto
Nesse caso específico de Nova Iorque, também chamou a atenção o fato de o vírus ter sido identificado até nos esgotos da cidade.
A médica epidemiologista e vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, Denise Garrett, fez uma thread explicando por que isso acontece. E reforçou que pessoas vacinadas não transmitem o vírus.
✔️Com o tempo, o vírus enfraquecido da vacina pode sofrer mutação e reverter p uma forma que pode causar paralisia.
— Denise Garrett, MD, MSc (@dogarrett) July 22, 2022
✔️Disseminada pelo esgoto, a cepa mutante pode causar doença em ñ vacinados, principalmente em populações não vacinadas e áreas com condições sanitárias precárias.+
A pandemia de COVID e desinformação sobre vacinas levou à drástica diminuição das coberturas vacinais, c ⬆️ de casos de pólio vacinal. A boa notícia é q já temos uma nova vacina q dificulta a reversão do vírus atenuado, evitando pólio derivada de vacinas.https://t.co/b6BoYd936R
— Denise Garrett, MD, MSc (@dogarrett) July 22, 2022
O risco da volta dos que já se foram
O caso americano evidencia as consequências da baixa adesão à vacinação, o que tem ressuscitado riscos e medos do retorno de doenças conhecidas que podem ser evitadas com vacinas, e colocado especialistas de diversos países em alerta.
Um deles é o médico geneticista Salmo Raskin, que enxerga o risco de um possível retorno da polio no Brasil.
PERIGO! Mais da metade das crianças brasileiras menores de um ano de idade não estão sendo vacinadas para Poliomielite! Leia minha matéria no GLOBO de hoje.https://t.co/38aBS0Yhrq
— SALMO RASKIN (@RaskinSalmo) August 13, 2022
Por aqui, baixas coberturas vacinais contra a polio e outras doenças têm sido vistas desde 2015. E em pouco tempo depois disso, em 2019, a cobertura vacinal para a polio já estava em patamares baixíssimos – 84,2%.
No ano passado, esse valor caiu para 67,7%, como apontou o médico e comentarista, Luis Correia.
#Polio Caso de Poliomielite em Nova Iorque mostra o risco que estamos correndo com a queda da cobertura vacinal da Poliomielite no Brasil, caiu de 84,2% em 2019 p/ 67,7% em 2021. Estamos arriscando o retorno de uma doença cruel que pode matar e deixar crianças com sequelas graves pic.twitter.com/3yOgmf6flG
— Luis F.B.Correia M.D (@SaudeemFoco) July 22, 2022
Quem poderá nos ajudar?
Mais uma vez elas: as vacinas!
Denise Garrett reforçou o quanto a vacinação é a principal estrela no enfrentamento de doenças como a polio. E lembrou que as vacinas atuam também sobre o controle de outros agentes infecciosos, como sarampo, difteria, tétano, coqueluche e cachumba, por exemplo.
Além da poliomielite, vacinas nos livraram de várias doenças —p.ex, sarampo, difteria, tétano, coqueluche, cachumba. Mas com a queda global das coberturas vacinais, muitas podem voltar. Precisamos agir p aumentar imunização, e rápido. Não podemos esquecer do mundo sem vacinas. pic.twitter.com/jVJoyw4Whe
— Denise Garrett, MD, MSc (@dogarrett) July 22, 2022
Em uma situação de risco de reintrodução de doenças conhecidas – e evitáveis com vacina – diversas campanhas vêm ganhando palco para conscientizar a população da importância da vacinação, da atualização da caderneta de vacinas, além da criação de estratégias para operacionalizar e viabilizar a retomada dessas altas coberturas vacinais no Brasil.
É o caso da campanha VACINA+MAIS, iniciativa da OPAS, dos conselhos de saúde, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), além do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), compartilhada pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em sua rede social.
Para evitar o risco de reintrodução do vírus causador da Poliomielite, a cobertura vacinal precisa ser mantida em patamares elevados.
— Fiocruz (@fiocruz) August 11, 2022
👧🏻👦Atualize a caderneta de vacinação das crianças e ajude a manter o Brasil livre da paralisia infantil. #VacinaMais pic.twitter.com/aDge7TDyMf
No dia 8 de agosto, o Ministério da Saúde também lançou a campanha de multivacinação:
Precisamos agir agora, para evitar a reintrodução de enfermidades como a poliomielite, a rubéola, bem como controlar casos de sarampo e febre amarela.
— Marcelo Queiroga 🇧🇷🇧🇷 (@mqueiroga2) August 10, 2022
É inaceitável que pessoas, em especial as crianças, adoeçam e morram de doenças para as quais já existe vacina há muitos anos.
A notícia foi compartilhada por vários especialistas, jornalistas e perfis da imprensa em suas redes sociais.
💉 Espalhem a mensagem: Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação começa HOJE e vai até 9 de setembro. Dia D será no sábado 20 de agosto. Mães e pais: hora de atualizar a caderneta de crianças e adolescentes! 18 vacinas estão disponíveis nos postos
— Larissa Roso (@larissaroso) August 8, 2022
A campanha de multivacinação busca aplicar 18 vacinas do calendário nacional de vacinação para atualizar a carteirinha de crianças e adolescentes. Esse período especial de mobilização vai durar um mês e vale para o Brasil todo. Saiba mais: https://t.co/hmW08SaSEf #JN pic.twitter.com/APTnA8agJ0
— Jornal Nacional (@jornalnacional) August 9, 2022
Não podemos vacilar, galera. Vacinas salvam vidas, como vimos na pandemia. Não deixem de vacinar seus filhos e filhas. Novos casos de poliomielite já foram registrados em países como Israel e Moçambique.
— Quebrando o Tabu (@QuebrandoOTabu) August 7, 2022
Via @g1https://t.co/b6r46IDZ9b
Atualmente, temos duas campanhas de vacinação no país:
— Portal Drauzio (@drauziovarella) August 15, 2022
💉Contra a poliomielite, para vacinar crianças menores de 5 anos;
💉Contra várias doenças, para vacinar adolescentes com menos de 15 anos.
Não deixe de vacinar as crianças e adolescentes nesse momento tão importante. Atualize a caderneta de vacinação no posto mais próximo, para garantirmos que o que esteve no passado, permaneça por lá e não volte a nos incomodar mais.
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