Um dos assuntos do momento nas redes sociais é o ChatGPT, inteligência artificial (IA) treinada para escrever sobre qualquer coisa, mas não só isso. A diversidade de assuntos, bem como a coerência da IA, vem surpreendendo os usuários.
Eu pedi pro ChatGPT fazer uma carta direcionada a alguém que acabou de entrar na faculdade de medicina, com dicas importantes.
— Pedro Rafael Magno (@pedrormagno) January 30, 2023
Eu to impressionado. pic.twitter.com/d4ogmiOyrN
eu nunca mais vou trabalhar depois do chatgpt pic.twitter.com/mBiiPwe7J6
— Duolingo Brasil 🇧🇷 (@DuolingoBrasil) January 30, 2023
O professor de machine learning em saúde na USP, Alexandre Chiavegatto Filho, também comentou algumas aplicações que podem potencializar o uso da ferramenta.
Ontem saiu uma matéria muito legal no Fantástico sobre IA e o ChatGPT, com uma participação minha. Reportagem do @alvaropereirajr. Matéria completa aqui: https://t.co/FfyWdwdd8A pic.twitter.com/1u0RGlPWYF
— Alexandre Chiavegatto Filho (@SaudenoBR) January 30, 2023
"Ela é uma ferramenta interessante, especialmente se você souber usar ela, se você souber verificar o que ela está dizendo. Nesse aspecto, é muito parecido com a busca no Google (...). Se você sabe certificar essa informação, essa ferramenta pode ser maravilhosa"
Nem tudo são flores e acertos
O nome GPT vem de Generative Pre-Training Transformer, mas não estamos falando de Autobots ou Decepticons, e sim de uma arquitetura de aprendizado profundo, ou arquitetura de rede neural.
E apesar de estarmos diante de textos claros e surpreendentes, o ChatGPT pode errar – com direito a desculpa por parte da IA quando um erro é apontado –, apontou o professor e divulgador científico Lucas, do Universo Discreto. Ou seja, não podemos confiar 100% nas suas respostas, nesse momento.
O ChatGPT também não é capaz de gerar conhecimentos novos, mas consegue criar textos inéditos, baseados em conhecimentos depositados nas bases de dados.
Acabei de lançar um vídeo sobre a sensação do momento: ChatGPT
— Lucas (Universo Discreto) 👨💻 (@1iversoDiscreto) January 30, 2023
Quer entender um pouco como funciona? Quem foram os responsáveis por sua criação?
RT e like pra ajudar a divulgar! 👊https://t.co/pq6gqpYvoH #universodiscreto pic.twitter.com/SXk0PN6erq
Um dos erros do ChatGPT foi apontado pelo professor da PUC-SP, Diogo Cortiz, que mostrou que a IA atribuiu a invenção do avião para os irmãos Wright, em 1903, desconsiderando completamente os feitos de Santos Dumond.
Essa desconsideração de aspectos culturais e até mesmo religiosos, dependendo do assunto, pode trazer impactos negativos sobre a diversidade cultural da humanidade.
A consequência pode ser um processo da homogeneização da cultura e do conhecimento em larga escala - que acontece de forma deliberada ou não.
— Diogo Cortiz (@DiogoCortiz) January 30, 2023
O fato é que o desafio está posto. E o ChatGPT é só a pontinha de um iceberg gigantesco de oportunidades e desafios.
Outro ponto comentado por Cortiz é a questão pertinente e atual sobre a ética quanto ao uso de IAs, defendendo que estes modelos precisam de uma validação mais extensa para evitar consequências negativas. Uma delas poderia ser o risco da geração de fake news.
O ChatGPT é uma puta ferramenta dahora, mas tem limitações, defeitos e pode trazer consequências para a sociedade que nem sabemos ainda quais são.
— Diogo Cortiz (@DiogoCortiz) January 25, 2023
Já deveriam ter liberado sem mais validações do modelo? Sem transparecia que tentam defendiam? +
Outra questão levantada é o impacto do ChatGPT dentro das salas de aula.
Essa discussão já está acontecendo em algumas escolas do Reino Unido, e também por revistas científicas. Como, por exemplo, o uso desses textos de forma enganosa, em que alunos dão à ferramenta a tarefa de escrever um texto que deveria ser de sua autoria.
Alguns especialistas e professores concordam que a plataforma pode ser benéfica, como o uso por usuários para criar textos e depois corrigi-los e modificá-los, mas a supervisão se faz necessária para esse uso. E isso não é capaz de ser feito a todo momento da vida escolar do aluno, como nos deveres de casa.
Professores e pesquisadores estão receosos se ferramentas de IA, como o ChatGPT, pode ser usado para "trapacear" no dever de casa https://t.co/toeRAaRzfM
— Canaltech (@canaltech) January 31, 2023
Uso transparente
Mesmo sendo uma novidade, o ChatGPT já acumula algumas vitórias e muitos questionamentos.
Sim, o #ChatGPT passou no Exame de Licenciamento Médico dos Estados Unidos.pic.twitter.com/smK6jYuVyM
— Edinaldo Oliveira | OSINT (@edinaldo_olive) January 24, 2023
A notícia aqui não é que os alunos americanos ganharam da Inteligência Artificial, mas que a IA concorreu e passou. Ela está recém chegando e já está fazendo pontos.
— Jorge Araujo do Interrogatório Eficaz 👨🏻⚖️ (@JorgeAraujo) January 31, 2023
Advogados que fazem o "feijão com arroz" já estão sendo superados e serão cada vez mais.https://t.co/s3PXvQZHQW
Revistas científicas, por exemplo, precisam documentar o uso do ChatGPT nos métodos descritos em artigos científicos, na própria introdução ou nos agradecimentos.
Pesquisadores que passarem a utilizar ChatGPT devem documentá-lo nos métodos ou agradecimentos. Se um artigo não incluir essas seções, a introdução ou outra seção apropriada pode ser usada para informar seu uso. https://t.co/YF2AwMudVH
— Stevens Rehen (@stevensrehen) January 25, 2023
Essa é apenas uma das muitas dúvidas sobre o uso ético dessa ferramenta.
A verdade é que ela está aqui, e disponível gratuitamente, por enquanto, e pode trazer mudanças significativas em várias esferas da sociedade. No entanto, essas discussões devem pautar essas mudanças, para que seu uso sempre seja voltado para o benefício, não só individual, mas também coletivo.
O ChatGPT atualiza uma frase que ficou grudada em minha memória, escrita por Godard:
— Tatiana Roque (@tatiroque) January 31, 2023
Nosso século está em busca das questões perdidas, cansado de tantas respostas.
É isso. Todo mundo impressionado com as respostas da IA, mas a pergunta somos ainda nós que fazemos.
Conversa aberta