A segunda-feira (27.fev.2023) marcou o início do Movimento Nacional pela Vacinação, uma iniciativa do Ministério da Saúde que inclui não apenas a vacinação contra a COVID-19, mas também diversas vacinas presentes no Calendário Nacional de Imunizações.
O objetivo é "mobilizar toda população para que o Brasil volte a ser referência em altas coberturas vacinais. Índices de imunização caíram nos últimos anos, o que aumenta o risco de doenças", segundo o ministério.
Ontem (27.fev), tivemos a imagem marcante do atual Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), recebendo a sua quinta dose com a vacina bivalente contra COVID-19 do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) - que é médico. E a volta do Zé Gotinha, símbolo das campanhas de vacinação, que andava meio esquecido.
Repercussão nas redes
Diante de um símbolo marcante para o novo momento de imunizações no país, integrantes do governo, especialistas e divulgadores científicos não ficaram de fora da celebração e desse momento de conscientização:
Vacinas 2.0
O médico infectologista Alexandre Naime explicou como as vacinas bivalentes funcionam. O termo bivalente não é uma novidade na medicina ou na ciência, segundo o especialista, e se refere ao fato de que a vacina é capaz de gerar uma resposta a duas (daí o "bi") versões do vírus da COVID-19 em uma única aplicação.
Dada a circulação global da variante Ômicron, a vacina bivalente - ou atualizada - tem como alvo a Ômicron (especialmente a BA.4/5, no caso da vacina bivalente ofertada atualmente no Brasil), além da cepa original de Wuhan, que circulou no início da pandemia.
Cabe ressaltar que a vacina bivalente aprovada para uso no Brasil tem a mesma tecnologia já conhecida pelas vacinas de RNA, fabricada pela Pfizer + BioNTech.
O infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Julio Croda, explicou, no podcast Ao Ponto, que essa vacina vai gerar uma resposta baseada em dois alvos (Ômicron e cepa original), conferindo uma proteção ainda maior, principalmente contra as novas variantes que vem se diversificando a partir da Ômicron, como a BQ.1 e a XBB que circulam no país.
Ainda, Croda explicou que as vacinas monovalentes (as que já conhecíamos, e que foram desenvolvidas usando a cepa original de Wuhan como alvo) seguem protegendo contra a doença causada pela COVID-19, inclusive pelas variantes que circulam atualmente.
Portanto, a orientação é que quem não está com seu esquema completo, ou seus reforços em dia, é importante buscar uma unidade de saúde para regularizar o esquema.
Quem pode tomar agora?
A médica Luana Araujo, em sua página do Instagram, comenta como será a aplicação das vacinas bivalentes. Ela ocorrerá em fases escalonáveis (ou seja, uma depois da outra), sendo elas:
Fase 1: pessoas com idade superior ou igual a 70 anos; pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP) a partir de 12 anos de idade, abrigados e trabalhadores dessas instituições; pessoas imunocomprometidas/imunossuprimidas; comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas.
Sobre os imunossuprimidos, o médico Bruno Gino explicou mais em seu post no Twitter:
Fase 2: pessoas de idade entre 60 e 69 anos.
Fase 3: gestantes e puérperas.
Fase 4: Trabalhadores da área da saúde.
Fase 5: Pessoas com deficiência permanente.
Cabe reforçar que tudo isso depende da completude das entregas dos imunizantes pela fabricante, além da capacidade de armazenamento dos municípios, segundo Araújo.
É preciso ficar atento ao calendário municipal. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, muitas pessoas na faixa etária dos 70 anos buscaram os postos de saúde para receber seu imunizante atualizado. No entanto, o município abriu a vacinação hoje (28.fev) apenas para idosos de 85 anos.
E atenção aqui: o médico Bruno Gino comenta que, para receber a sua vacina atualizada, é necessário ter tomado pelo menos duas doses de qualquer vacina há mais de 4 meses (ou seja, intervalo mínimo de 4 meses entre a última dose e a próxima).
Então, respondendo a uma pergunta frequente: "Posso receber direto a vacina atualizada no lugar da vacina clássica?". A resposta é não. Tu deves tomar os teus reforços com as vacinas já conhecidas contra a COVID-19 (monovalentes) para só receber sua dose da vacina atualizada (bivalentes).
E quem não está contemplado agora?
É importante mencionar que a estratégia adotada pelo Ministério da Saúde também foi adotada por outros países. Priorizar a população que tem um risco maior para a doença é estratégico. Se muitas pessoas adoecem ao mesmo tempo, o sistema de saúde pode sobrecarregar. O que já vimos acontecer.
Lembre-se: tu estarás protegido e estimulando ainda mais suas defesas ao receber as vacinas convencionais também!
Mas a vacina nova é segura?
Sim. O médico Adriano Vendimiatti esclarece que essas vacinas atualizadas são tão seguras quanto as vacinas convencionais, que já conhecemos desde o início de suas aplicações no mundo.
Infelizmente, há muita desinformação a partir de distorções de dados que vem trazendo insegurança para as pessoas.
Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças investigou alguns casos de Acidente Vascular Cerebral (o famoso derrame, ou AVC) notificados pelas plataformas oficiais, e concluiu que não era possível estabelecer relação com as vacinas bivalentes atualizadas. O número de AVCs em vacinados e não vacinados não era diferente. Portanto, não é possível concluir que as vacinas teriam provocado um aumento desses casos.
Também comentei sobre esse tópico no fio abaixo:
Vacinas salvam vidas, e felizmente, o Zé Gotinha voltou. Alegre, sorridente, radiante, vendo que o futuro da nossa saúde passa pelas vacinas que temos disponíveis. Vacine-se!