Políticos gastam R$170 mi com impulsionamento no 1º turno

Média diária de gastos durante a campanha foi de R$3,7 milhões; dentre presidenciáveis, Tebet lidera em impulsionamentos nas redes sociais

O gasto de políticos com impulsionamento de conteúdo nas redes sociais chegou a R$168,9 milhões até sexta-feira (30.set.2022), último dia em que se podia impulsionar anúncios no primeiro turno das eleições gerais.

Isso dá uma média de R$3,7 milhões gastos por dia desde 16.ago.2022, quando teve início a campanha. Os dados são do Observatório de Impulsionamento Eleitoral do Núcleo.

Observatório de Impulsionamento Eleitoral
Analisamos dados do TSE para identificar impulsionamento de conteúdo

Dentre os presidenciáveis, a campanha da senadora Simone Tebet (MDB) foi a que mais investiu em impulsionamento e o partido que mais gastou com redes foi o União Brasil (veja mais abaixo).

No 1º turno desta campanha eleitoral, candidatos apresentaram à Justiça Eleitoral 22.547 mil comprovantes de gasto com a rubrica de "impulsionamento". A média de gasto por rubrica foi de R$7 mil e o maior gasto em uma única declaração foi de R$1,950 milhão, do candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ritmo de impulsionamentos acelerou na reta final da campanha. Até 15.set, os gastos para promover conteúdo na internet somavam R$110 milhões. Já nas duas últimas semanas, foram gastos R$60 milhões.

2018: Nas últimas eleições gerais, candidatos gastaram R$77 milhões com impulsionamento de conteúdo, de acordo com um relatório publicado pelo InternetLab em jun.2019.  Em valores corrigidos pelo IPCA, isso equivaleria hoje a R$96,8 milhões.

Em 2018, 21,5% quarto dos candidatos que estavam concorrendo a cargos em todas as esferas declararam gastos com impulsionamento de conteúdo. Agora em 2022, o número cresceu timidamente: 24% dos candidatos impulsionaram.

Debates ferveram atividade de políticos nas redes sociais
O ISP, índice criado pelo Núcleo para medir a temperatura das redes de políticos, está em seu maior patamar sustentado desde o começo da série histórica, iniciada em abr.2021

Presidenciáveis: A campanha à Presidência da senadora Simone Tebet (MDB) foi a que mais investiu em impulsionamento. Ao longo dos 45 dias de campanha, foram investidos R$2,780 milhões.

Em seguida aparecem:

  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - R$2.597.840
  • Ciro Gomes (PDT) - R$1.660.266
  • Jair Bolsonaro (PL) - R$538.000
  • Soraya Thronicke (União) - R$510.550
  • Luiz Felipe D'Ávila (Novo) - R$100.000
Gráfico Interativo

Partidos: O partido que mais gastou com impulsionamento não é de nenhum dos presidenciáveis que aparecem como favoritos nas pesquisas. Lidera o União Brasil, partido da candidata Soraya Thronicke, com R$20,2 milhões de reais gastos em impulsionamento. Em seguida aparecem o PT, que declarou gastos de R$19,5 milhões, e o Partido da Liberdade (PL), que investiu R$17,3 milhões de reais.

Estados: No ranking dos 5 Estados que mais tiveram gastos com impulsionamento, aparecem três Estados da região Sudeste e dois nordestinos. As primeiras posições são ocupadas por SP, MG e RJ. Políticos destes Estados gastaram R$33,2 milhões, R$15,8 milhões e R$14,5 milhões, respectivamente. Em seguida aparecem Ceará e Pernambuco, com gastos equivalentes a R$10,8 milhões e R$10 milhões, respectivamente.

  • O Ceará é um caso a parte, como mostramos no Núcleo nesta semana. Dois candidatos que concorrem pelo governo do Estado – Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT) estão entre os políticos que mais gastaram com impulsionamento. Freitas, do PT, é o candidato com o maior gasto (R$3 milhões), superando os presidenciáveis. Cláudio, do PDT, aparece em terceiro, atrás de Simone Tebet.
Guia eleitoral: pesquisas, checagens e outras infos
O Núcleo compilou os principais sites e projetos para você se informar o melhor possível para esse fim de semana.

Impulsionamento conturbado

Apesar dos gastos significativos, o impulsionamento de conteúdos na internet nesta campanha eleitoral foi marcado por dificuldades, dúvidas e irregularidades - tanto do lado dos candidatos quanto das plataformas Meta e Google – as únicas que permitem anúncios pagos de política.

No início de setembro, a campanha de Lula teve 12 anúncios removidos pelo Google por violação às políticas da plataforma (a empresa não informa qual foi a violação exata).

Na esteira do 7.set, a campanha de Bolsonaro impulsionou anúncios com trechos dos atos no dia da Independência, contrariando decisão do TSE que proibiu o uso desse material, mostrou reportagem da Agência Pública.

Falando em Justiça, o impulsionamento de conteúdos também foi alvo de ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 27.set, a Corte proibiu a campanha de Bolsonaro de impulsionar conteúdos do LulaFlix, site com conteúdos críticos ao rival político. Na véspera, o TSE também havia barrado o PT de impulsionar no Youtube conteúdos críticos a Bolsonaro.

As plataformas, por sua vez, mostraram que ainda não têm controle total sobre o processo de impulsionamento de conteúdos. Em 25.ago, o Núcleo identificou uma página recém-criada e com poucos seguidores promovendo anúncios pró-Bolsonaro no Facebook e Instagram.

O impulsionamento de anúncios contendo desinformação eleitoral também foi um problema durante a campanha. Um relatório da organização SumOfUs desta última semana mostrou que Meta e Google fazem vista grossa para conteúdo do tipo, permitindo que usuários impulsionem anúncios que colocam em xeque a integridade do processo eleitoral.

Reportagem Laís Martins
Edição Julianna Granjeia

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