Em live que reuniu cerca de 10 mil pessoas com o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na manhã desta terça-feira (18.out), políticos jovens apoiadores do petista discutiram sobre o funcionamento das redes sociais e trocaram sugestões de táticas.
A intenção foi alinhar melhor as ações de campanha para fortalecer presença e coordenação em terreno dominado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, desde 2018.
Na semana passada (13.out), o deputado federal eleito e coach Pablo Marçal (PROS) também fez uma live com influenciadores bolsonaristas para distribuir missões para promover a imagem do presidente Bolsonaro nas redes sociais.
Faltando 12 dias para o segundo turno da eleição presidencial, um apelo comum feito pela maioria dos participantes foi a unificação da mensagem da campanha.
Outro pedido foi de agilidade nas respostas para contestar as fake news bolsonaristas e manter o caso das meninas venezuelanas em pauta.
Além de Lula, participaram da reunião o coordenador de comunicação da campanha do PT, Edinho Silva, a ex-deputada Manuela d'Ávila (PCdoB), o senador Randolfe Rodrigues (Rede), o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL), a senadora Simone Tebet (MDB), o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e o deputado federal reeleito André Janones (Avante). Janones tem atuado como conselheiro de redes sociais da campanha de Lula.
Tebet, que participou da CPI da Covid, e Lupi pediram foco na questão da má atuação na gestão da pandemia de Bolsonaro. A senadora se colocou à disposição para usar suas redes para propagar conteúdo que não seja "pregar para convertido".
Confira as principais falas dos participantes:
André Janones
- "É ilusão a gente achar que o bolsonarismo atualmente trabalha só com robôs, eles têm também os robôs humanos, uma rede financiada por empresários que segue determinadas coordenadas. Como a gente contrapõem isso? Tendo comunicação centralizada, pauta única".
- É preciso estar preparado para mudanças repentinas nessas pautas, como no caso das meninas venezuelanas.
- Sobre postar ou repostar conteúdo, Janones acha que perfis com mais de 10k de seguidores devem postar; abaixo de 10k devem repostar.
- "Na sua rede social você é a estrela, fale em primeira pessoa, elabore seus próprios posts. O seu depoimento tem mais peso na sua rede do que de qualquer outra pessoa."
- "Focar em quem são realmente nossos adversários, não atacar apoiadores do Bolsonaro. Não partir para cima, por exemplo, dos sertanejos. Não estamos disputando eleição com Chitãozinho e Leonardo."
- "A rede não entrega estética aprimorada. O Bolsonaro fez um post com a imagem do Lula falando para o debate e com o número 22 na testa e deu mais de 300 mil curtidas. Tudo o que é tosco, a rede entrega bem."
- "Comunicar no ambiente correto, falar com o público-alvo, falar com indecisos e furar a bolha. Não adianta falar do auxílio-Brasil no Twitter se quem recebe o auxílio está no Facebook e também não adianta mandar esse conteúdo no grupo da academia que custa R$ 1 mil."
- "Comunicar com eleitores de Simone Tebet, principal peça dessa campanha."
- "A grande missão do dia hoje é mobilizar muito para a entrevista do presidente Lula no Flow, que pode ter grande impacto. Tem muita gente que não sabe o que é Flow, tem que explicar, tem que falar que é só apertar o play, que não paga, que o Lula vai explicar suas propostas."
Um resumo das orientações dadas por Janones na live foi compartilhado em grupos de Whatsapp de apoiadores petistas. As redes oficiais da campanha se focaram na "missão" de divulgar a participação de Lula no podcast Flow. A intenção dos petistas é ultrapassar o recorde batido com Bolsonaro (573 mil espectadores) no programa.
Manuela D'Ávila
- "Disputar o voto, com apelo participação popular, de quem tem dúvida sincera."
- "A militância precisa estar animada sim, mas precisamos de conteúdo para essas pessoas que não pensam como a gente."
- “Menos hora de lacrar, mais hora de explicar, de conversar, de esclarecer sobre desmatamento, corrupção, propostas da saúde, de educação, o que vamos fazer para construir um futuro.”
- “Devemos nos organizarmos para distribuir conteúdo que imunizem e que respondam rapidamente. A velocidade de distribuição de uma notícia falsa é como fogo em grama seca. E a gente tem que ter essa mesma velocidade para as respostas.”
- "Não disseminar abertamente conteúdos que façam com que as pessoas sintam medo. Nossa defesa é estar em maior número nas ruas."
- "Produzir conteúdo em primeira pessoa. Compartilhe também sua história de porque o bolsonarismo agride você. Eu voto no Lula para que minha filha não tenha medo da mãe dela apanhar porque a mãe dela faz política. Por que você vota no Lula? Essa é a resposta que cada um de vocês tem que responder."
Randolfe Rodrigues
- "Evitem compartilhar mensagens que amedrontem a militância de ir às ruas, tudo o que o fascismo bolsonarista quer agora é nos intimidar e nos impedir de ir às ruas."
- "Aquela cena horrorosa que surgiu semana passada, do Bolsonaro ofendendo, aliciando, as meninas venezuelanas, não pode desaparecer das redes."
- "A invasão de bolsonaristas no santuário de Aparecida, durante a visita dele, também tem que continuar sendo debatida nas redes."
Guilherme Boulos
- "Faz parte da estratégia bolsonarista ficar criando fatos políticos de dispersão, manobras de distração, para que a gente tire o foco do que é fundamental, por exemplo daquilo que os abalou pela hipocrisia moral que nutrem, das insinuações pedófilas do Bolsonaro, do debate econômico, do combate à fome e que fique discutindo outras questões que ele forja artificialmente ao longo de todo mandato."
- "Muitas vezes, os bolsonaristas numa conversa de boteco, no grupo de zap de família, acabam se impondo, não por terem argumentos, mas porque falam, muitas vezes atrocidades e mentiras, e do lado de cá não há respostas. É uma vitória deles por WO. Isso não pode acontecer, nós temos que ter antídotos rápidos de respostas à fake news."
- "É importante que a gente não se intimide pelo tom agressivo deles e que responda em tempo real as fake news para que elas não cresçam."
Lula
- “É preciso que a gente coloque em cada resposta a uma crítica, uma proposta para que o povo saiba que nós sabemos o que fazer quando ganharmos as eleições. A gente não pode ficar apenas como se fosse alvo com escudo só rebatendo as críticas. Rebater as críticas é necessário, mas é pouco. Dizer o que vamos fazer é extremamente necessário.”
- "O Bolsonaro não está sozinho, ele está ligado a uma corrente a uma corrente de extrema-direita mundial que já governa a Hungria, que agora ganhou na Itália e que está em disputa em outros países da Europa."