Perfis com apologias a ataques em escolas burlam moderação no Twitter, mesmo após ações do governo

Governo subiu o tom com plataformas e instituiu novas medidas na quinta-feira, mas posts públicos e perfis com apologia a massacres ainda persistem, especialmente no Twitter
Perfis com apologias a ataques em escolas burlam moderação no Twitter, mesmo após ações do governo
Arte de Rodolfo Almeida/Núcleo Jornalismo
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DESTAQUES
* Na quinta-feira, Ministério da Justiça publicou portaria com medidas administrativas a serem adotadas pelo governo e pelas plataformas para prevenir a disseminação de posts violentos em redes sociais

* Ações do governo tiveram algum efeito, mas mostram que moderação do Twitter é cheia de falhas também

* Dos cerca de 160 perfis do grupo no Twitter acompanhados pelo Núcleo desde dezembro, poucos foram derrubados

* Outras plataformas também podem sofrer com esse problema, mas o Twitter recebe mais atenção por ser um lugar de fácil acesso, mais simples de publicar e espalhar conteúdo do que canais fechados de Discord ou Telegram, por exemplo

O Twitter começou a derrubar algumas contas com apologia e incentivo a ataques em escolas, mas alguns desses usuários estão encontrando formas de evitar detecção ou de voltar à plataforma logo depois de serem expulsos, o que expõe a moderação precária da rede social.

Nos últimos dias, o governo subiu o tom contra plataformas, especialmente o Twitter, para que sejam mais proativas na moderação desse tipo de conteúdo extremista. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou a dizer que plataformas poderiam ser tiradas do ar caso não derrubassem posts com ameaças e apologias a ataques escolares.

Na quinta-feira, o ministério publicou uma portaria com medidas com medidas administrativas a serem adotadas para prevenir a disseminação de posts violentos. Além disso, tanto o Ministério Público Federal quanto o MJSP pediram para que as redes esclarecessem medidas tomadas para isso.

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A estratégia mais assertiva do governo parece ter tido algum efeito. Segundo o Ministério da Justiça, foram removidos do Twitter ao menos 100 conteúdos denunciados, assim como centenas de posts e comunidades em outras redes.

Uma série de novas regras publicadas na quinta-feira (13.abr) deve fazer surtir mais efeito ainda nos números nos próximos dias.

Como o governo quer conter conteúdos violentos nas redes
Ministério da Justiça criou uma série de medidas para tentar prevenir a disseminação de posts violentos

Mas, embora encontrar conteúdo dessa comunidade no Twitter de fato tenha ficado um pouco mais difícil do que antes, isso não significa que essa comunidade bizarra tenha desaparecido: muitos dos perfis ainda continuam lá, ativos.

Outras plataformas também podem sofrer com esse problema, mas o Twitter recebe mais atenção por ser um lugar de fácil acesso, mais simples de publicar e espalhar conteúdo do que canais fechados de Discord ou Telegram, por exemplo.

Dos cerca de 160 perfis do grupo no Twitter acompanhados pelo Núcleo desde dezembro, poucos foram derrubados. A maioria desses usuários está privando suas contas e passou também a bloquear seguidores que consideram “suspeitos”, geralmente aqueles com perfis inativos ou recentes.

Além disso, muitos dos usuários que tiveram suas contas suspensas pela plataforma já recriaram seus perfis, às vezes em questão de poucas horas.

Esses usuários frequentemente utilizam nomes de usuário idênticos aos dos perfis suspensos e continuam a utilizar fotografias de autores de ataques em escolas.

Os usuários que recriam os perfis imediatamente começam a produzir e compartilhar conteúdo de apologia aos massacres, principalmente no formato de fancams (vídeos construídos com o propósito de enaltecer um indivíduo ou grupo de pessoas).

Um usuário, por exemplo, alegou já ter tido seu perfil derrubado quatro vezes e, após sua última suspensão, recriou sua conta em apenas quatro horas. Sua primeira publicação foi um vídeo em glorificação do massacre ocorrido em Suzano, São Paulo, em 2019.

O governo quer que plataformas bloqueiem o endereço de IP de conexões que já tenham sido usadas para criar perfis de apologia à violência, uma medida que pode ser facilmente superada com um simples VPN ou troca de aparelho.

Por que a ideia de bloquear IPs contra violência nas redes é ruim
Entre as muitas medidas adotadas pelo Ministério da Justiça para tentar conter a escalada de conteúdos com apologia e incentivo a ataques em escolas brasileiras, figura uma medida que vai dar muito trabalho: bloquear IPs de usuários.

As pesquisadoras Tatiana Azevedo e Letícia Oliveira, que conduzem monitoramentos do extremismo online, compartilharam parte de seus dados com o Núcleo. Dos 225 perfis da comunidade monitorados pelas pesquisadoras, foi identificado que:

  • 131 continuam no ar e abertas;
  • 39 foram privadas pelos usuários;
  • Desde domingo (8.abr.2023), 55 contas foram suspensas; dessas, 5 suspensões ocorreram como consequência de denúncias feitas pelas pesquisadoras utilizando a ferramenta do próprio Twitter.

O Ministério da Justiça criou um canal de denúncias onde qualquer um pode denunciar, anonimamente, perfis e publicações (em qualquer plataforma ou rede) de apologias, incentivos ou ameaças de ataques em escolas.

Sem moderação, Twitter tolera apoio a massacres escolares
Comunidade que exalta assassinos e massacres também usa rede social para tentar formar “duplas” para novos atos de violência
Reportagem Sofia Schurig
Edição Sérgio Spagnuolo

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