Desde que Elon Musk assumiu o controle do Twitter em nov.2022, as polêmicas decisões empresariais tomadas por ele, como demitir 85%
dos funcionários e reduzir as despesas ao máximo afetaram o uso da plataforma.
Não à toa, muitos estão saindo do Twitter rumo a outras plataformas, como o Mastodon ou o BlueSky, que vem atualizando seu app loucamente e recebendo mais e mais exilados do pássaro azul. O Threads, app da Meta vinculado ao Instagram e feito para concorrer diretamente com o Twitter, chega oficialmente nesta quinta, apesar de já terem vazado algumas telas do app.
Para te ajudar a entender tudo que vem rolando, o Núcleo preparou um apanhado das principais mudanças na rede social nas últimas semanas.
CALOTE NO GOOGLE
Em 10.jun.23, a newsletter Platformer reportou que o Twitter estava aparentemente se recusando a pagar suas contas de servidores do Google Cloud. Se as despesas não fossem pagas, isso poderia resultar em problemas na infraestrutura, segurança e outros serviços cruciais para a rede.
A empresa voltou a fazer os pagamentos no final de junho.
TRANCANDO TUDO
A partir de 30.jun, as pessoas começaram a relatar que não conseguiam mais ver tweets enquanto não estavam logados em seus perfis.
Em resposta às críticas, Musk justificou essa mudança como algo emergencial. O Twitter confirmou que essas mudanças foram feitas para evitar que os dados públicos da plataforma, como posts e comentários, sejam utilizados para treinar gratuitamente modelos de inteligência artificial, como o ChatGPT.
O Google também anunciou, em 3.jul.23, que usaria dados públicos da web para treinar seus modelos de linguagem e produtos. Recentemente, o Reddit resolveu privatizar o acesso a sua API pelo mesmo motivo, o que revoltou usuários e inutilizou aplicativos de terceiros.
Todavia, não mais que de repente, o Twitter p voltando atrás. No dia 5.jul.2023 já foi possível ver o preview de tweets sem precisar estar logado.
TUDO PARA QUEM É BLUE
Ótimo para a saúde mental e péssimo para os profissionais de mídias sociais, usuários agora tem um limite diário de tweets que podem ser vistos. A mudança foi anunciada pelo próprio Musk em seu perfil pessoal, assim como vem sendo algumas das mais importantes decisões da empresa.
- Contas com selo de verificação podem ler
6.000
posts por dia; - Contas não verificadas podem ler
600
posts por dia; - Contas recém-verificadas podem ler
300
posts por dia.
Na terça-feira, 4.jul, o Twitter Business fez um post no blog da comunidade da empresa afirmando que a medida é temporária, afeta somente algumas contas específicas e busca solucionar “manipulações de dados”.
“Estamos trabalhando para evitar que essas contas 1) raspem os dados públicos do Twitter das pessoas para construir modelos de IA e 2) manipulem as pessoas e as conversas na plataforma de várias maneiras.”, diz o texto.
Já em 3.jul.23, a empresa resolveu tornar o acesso ao TweetDeck exclusivo para usuários que assinam o Twitter Blue, essencialmente destruindo o acesso à ferramenta para a maioria de seus usuários.
QUEDAS NO SERVIÇO
Desde que o Twitter optou por privatizar sua API em jan.23, já ocorreram mais de quatro interrupções de serviço, o que não é surprendente levando em consideração a quantidade de demissões de cargos estratégicos no app.
De acordo com o New York Times, durante uma das ondas de demissões em massa, foram dispensados “dezenas de engenheiros responsáveis por manter o site online”.
APIs são interfaces que permitem a troca de dados para facilitar o desenvolvimento de aplicações e recursos. São recursos extremamente valiosos e delicadas, e alterações neles podem ter consequências imprevisíveis, inclusive a remoção de partes de um site ou aplicativo.
Atualmente, o preço para ter acesso ao sistema são os seguintes, com os seguintes benefícios:
- Plano Grátis - Acesso "write-only", 1500 tweets/mês via app, 1 ID de app
- Plano Básico— 3 mil tweets/mês via usuário e 50 mil/mês via app, 2 ID's de app - 100 USD/mês
- Plano Profissional— 1 milhão de tweets/mês via app e 3 ID's de app - 5 mil USD/mês
Em fev.23, organizações e institutos de pesquisa na área de direitos digitais publicaram uma carta pedindo que a empresa garanta que a API continue acessível para acadêmicos, jornalistas e membros da sociedade civil. As demandas não foram ouvidas.
“Essa restrição dramática irá interromper projetos críticos de milhares de jornalistas, acadêmicos e atores da sociedade civil ao redor do mundo que estudam algumas das mais importantes questões que afetam nossas sociedades hoje”, escreveram as 33 instituições signatárias da carta.