Bem-vindo ao inferno, Substack

O negócio de recomendação de conteúdo é um vespeiro

O Notes do Substack seria só mais um clone tosco do Twitter não fosse a reação desmedida de Elon Musk, que ao comprar guerra com o rival, acabou promovendo-o de graça.

Apesar das juras dos fundadores do Substack de que o Notes não é um clone do Twitter, ele é.

As semelhanças vão além da forma, chegam ao algoritmo de recomendação. Além do conteúdo das pessoas/newsletter que alguém segue, o Notes inclui um ou outro “estranho”, um “conteúdo sugerido” ali no meio da timeline.

O negócio de recomendação de conteúdo é um vespeiro. Todo executivo de empresa que tem um pé nessa área, quando inevitavelmente vai depor no Congresso norte-americano, se depara com a famigerada pergunta de por que tal conteúdo apareceu aqui ou ali. É difícil responder porque não existe resposta exata. O algoritmo é opaco e opera de maneiras misteriosas.

Até agora, o Substack conseguia se safar desse tipo de crítica porque não interferia na distribuição. Numa analogia muito comum no mercado norte-americano, o Substack só fornecia o “encanamento”, sem se preocupar com o que corre dentro das tubulações.

Isso importa, porque o Substack é morada de newsletters de extremistas e racistas e, até agora, podia não se importar com isso.

Ao lançar uma rede social com recomendação algorítmica de conteúdo, essa linha de defesa se perde.

Chris Best, cofundador e CEO do Substack, teve um gostinho do que lhe espera. Ele foi ao Decoder, podcast de entrevistas de Nilay Patel, editor-chefe do site The Verge, e se enrolou numa pergunta simples feita por Nilay:

“Se alguém entrar no Substack e escrever ‘todos os negros são animais e não deveriam ser permitidos nos Estados Unidos’, vocês vão censurar isso?”

As evasivas de Best são vergonhosas, das coisas mais constrangedoras que já vi em uma entrevista com executivos de empresas. E era tão simples, era só responder que sim.

Quando Elon Musk, outro suposto “absolutista da liberdade de expressão”, concretizou a compra do Twitter em outubro passado, o mesmo Nilay publicou uma coluna de opinião viral intitulada “Bem-vindo ao inferno, Elon”, antecipando os muitos perrengues que Musk passaria no comando de uma grande plataforma social.

Nesta semana, Chris Best e seus sócios pediram passagem ao capeta para se juntarem a Musk.

O que mais você precisa saber

Artifact

A rede social de notícias dos cofundadores do Instagram ganhou suporte a comentários, estilo Reddit. [Núcleo]

Facebook

O Facebook está testando um “gerador de stories avançado”. [@MattNavarra/Twitter]

Instagram

O Instagram lançou uma API do Creator Marketplace para facilitar a conexão entre influenciadores e marcas a partir de plataformas de terceiros. [Instagram]

LinkedIn

O LinkedIn expandiu seu programa de verificação de perfis. Tudo gratuito. [Núcleo]

Meta

O Meta Verified, assinatura paga do Facebook e Instagram, exige que os assinantes usem nomes “reais” em seus perfis. Isso pode ser um problema. [Núcleo]

Microsoft

A Microsoft se uniu à Snap para oferecer “lentes” de realidade aumentada do Snapchat dentro do Microsoft Teams. [Snap]

Pinterest

O Pinterest anunciou uma série de medidas para usuários menores de idade. [Pinterest]

Twitter

Assinantes do Twitter Blue agora podem postar textões com até 10 mil caracteres. (Esta newsletter não chega nem à metade desse limite.) [Núcleo]

A NPR anunciou sua saída do Twitter após a rede social rotulá-la como propaganda estatal. [NPR]

A ver: a nova promessa de Elon Musk é que os selos de verificação “legados”, ou seja, não pagos, serão removidos do Twitter em 20 de abril. [@elonmusk/Twitter]

WhatsApp

Apenas no Brasil, o WhatsApp liberou a função de pagamentos para pequenas empresas dentro do aplicativo. [Núcleo]

Três novos recursos de segurança, incluindo um que combate o “roubo” de contas, foram anunciados para o WhatsApp. Chegam nos próximos meses. [Núcleo]

A Meta está testando um recurso para que usuários do WhatsApp possam postar stories no Facebook sem sair do aplicativo de conversas. [WABetaNews]

YouTube

Assinantes do YouTube Premium ganharam cinco novos recursos, incluindo uma resolução melhor no app do iOS. [Núcleo]

Um novo botão para ser notificado de eventos ao vivo foi adicionado ao YouTube. [@CreatorInsider/YouTube]

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