Linha do tempo dos problemas do X no Brasil

Desde abril, Elon Musk compra briga pública com Alexandre de Moraes, do STF. O ministro determinou o bloqueio nesta sexta-feira (30.agosto).
Linha do tempo dos problemas do X no Brasil
Arte por Rodolfo Almeida

O X, antigo Twitter, será bloqueado pelas operadoras de telefonia e internet brasileiras após a empresa descumprir uma ordem do STF para indicar um novo representante legal no país.

Antes de encerrar seu contrato com a assessoria de imprensa no Brasil e dispensar todo o escritório local, a plataforma tinha um grande engajamento com o público brasileiro e contava com centenas de colaboradores em seu antigo escritório em São Paulo. Isso ocorreu antes de Elon Musk, dono de empresas como Tesla e SpaceX, adquirir a rede social.

Se liga nessa linha do tempo do Núcleo sobre os principais acontecimentos em 2022, 2023 e 2024.

X, antigo Twitter, está bloqueado no Brasil
Por volta da meia-noite de sábado (31.ago) a rede social já estava fora do ar. Ainda é possível acessar a rede social utilizando VPN.

Veja a linha do tempo em formato de texto corrido

2024

31.ago.2024. X é bloqueado no Brasil.

30.agosto.24. Moraes determina o bloqueio do X por operadoras de internet e telefonia, bem como lojas de aplicativos. O bloqueio não acontece de maneira imediata por ser um processo manual e demorado.

O ministro também impôs uma multa diária de R$ 50 mil a qualquer pessoa ou empresa que tente acessar o X em meio ao bloqueio. Em sua determinação, o ministro disse que apps como "Proton VPN, Express VPN, NordVPN, Surfshark, TOTALVPN, Atlas VPN, Bitdefender VPN" devem ser restritos nas lojas de Google e Apple. Moraes depois suspendeu essa decisão.

Moraes volta atrás em decisão sobre acesso ao X via VPNEm decisão que ordenou a suspensão rede social de Elon Musk no país, Moraes também proibiu Apple e Google de rodarem o app do X em celulares Android e iOS e determinou a retirada de VPNs de lojas de appsNúcleo JornalismoPedro Nakamura

Na decisão de sexta-feira, também é dito que o X já recebeu mais de R$ 18 milhões em multas por descumprimento de ordens judiciais.

29.agosto.24: O perfil de relações globais do X publicou que, após o fim do prazo dado pelo STF, aguardava a ordenação do bloqueio por Moraes e que, nos próximos dias, iria divulgar "todas as exigências ilegais do Ministro e todos os documentos judiciais relacionados, para fins de transparência."

28.agosto.24: O STF intima Elon Musk no X para indicar um representante legal da empresa no Brasil em até 24 horas, sob pena de suspensão imediata da plataforma. O tribunal afirmou que a advogada da plataforma havia sido intimada em 18 de agosto.

17.agosto.24: Após postar o mandado de intimação na plataforma, o X anuncia que, "para proteger a segurança" de sua equipe, decidiu encerrar sua operação no Brasil, com efeito imediato.

16.agosto.24: Moraes intima a representante legal da empresa no Brasil, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição, conforme postado na conta oficial de assuntos globais do X no dia seguinte. A intimação foi por não cumprimento das decisões judiciais pela plataforma, estabelecendo uma pena de multa e até prisão para a representante.

26.julho.24: O X ativa por padrão o uso de dados de usuários para treinamento de modelos de IA.

18.junho.24: Pesquisa aponta que o Estado Islâmico começou a usar inteligência artificial para espalhar desinformação e republicar esses conteúdos em redes como X, Facebook e YouTube.

3.maio.24: O X para de exibir anúncios políticos no Brasil após o Google tomar a mesma decisão. O Google considerou as normas do TSE para as eleições municipais muito exigentes e tecnicamente difíceis de serem cumpridas; o X nunca disse o motivo.

15.abril.24: Musk começa a considerar cobrar uma taxa para novos usuários no X, como medida contra spam na plataforma. A ideia se tornou impopular, e ele voltou atrás.

7.abril.24: Moraes responde incluindo Musk no inquérito de milícias digitais, acusando-o de "iniciar uma campanha de desinformação" contra o STF e o TSE, "incitando a desobediência e a obstrução" da justiça.

6.abril.24: Musk compartilha os Twitter Files Brasil e anuncia que divulgará todos os pedidos de informação feitos pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele também afirma que removerá todas as restrições impostas a perfis no X por ordens judiciais brasileiras.

Na mesma época, deputados americanos vazam decisões sigilosas do STF e do TSE sobre plataformas digitais tomadas no Brasil entre 2020 e 2024, especialmente para punir ou suspender perfis que atacaram o processo democrático no Brasil.

3.abril.24: Começam os Twitter Files Brasil. Os materiais revelam que a equipe brasileira do X na época estava descontente com solicitações de informações por autoridades e processos judiciais. O assunto causou alvoroço, mas foi rapidamente esquecido.

16.fevereiro.24: Relatório do Tech Transparency Project revela que extremistas e pessoas ligadas a organizações terroristas começaram a comprar verificações no X, prática proibida nas políticas da plataforma.

2023

11.dezembro.23. X reativa o perfil de Alex Jones, influenciador extremista americano que espalhou uma conspiração de que o massacre na escola primária de Sandy Hook, que resultou na morte de 20 crianças e 6 adultos, era uma farsa para acabar com o acesso às armas nos EUA. Meses depois, Musk fez um Spaces com Jones, apesar de ter afirmado anteriormente que nunca permitiria sua presença na plataforma.

16.novembro.23. Musk começa a interagir com perfis antissemitas e vinculados a ideologias de supremacismo branco. Não seria a primeira ou última vez. A reação foi pesada e mais anunciantes saíram da plataforma.

7.novembro.23. O Núcleo publica que o X tinha apenas 41 moderadores de conteúdo em língua portuguesa, após a empresa ser obrigada a divulgar informações sobre sua estrutura pela implementação da Lei de Serviços Digitais na União Europeia. Seu relatório de transparência também mostrou que entre set-out, metade dos 126 milhões de usuários europeus acessou o X sem se logar.

1.set.23. O X passa a incluir a coleta de dados biométricos em sua política de privacidade. Meses depois, a empresa lançaria o Grok, seu chatbot de inteligência artificial. Ele usou os dados de interação dos usuários na plataforma para vender o robô como uma IA capaz de responder "perguntas politicamente incorretas".

3.agosto.23. Agência de notícias francesa AFP entra com processo contra o X. A empresa não cumpriu as leis que exigem a remuneração de conteúdo jornalístico por parte de big techs. O X havia se recusado a pagar pela distribuição.

1.agosto.23. X processa a primeira entidade de pesquisa por produzir relatórios que informavam sobre desinformação e discurso de ódio circulando na rede social. Outras ameaças de processos seguiriam nos meses seguintes.

12.maio.23. Após meses de posts dramáticos sobre como ninguém gostaria de comandar o X, Musk anuncia Linda Yaccarino, então presidente de Publicidade e Parcerias Globais da NBC Universal, como a nova CEO da empresa.

27.abril.23. É exposto que sob Musk, a rede social passa a cumprir um número maior de pedidos de remoção de conteúdo ou moderação por parte de autoridades globais. Antes da compra, cerca de metade dos pedidos eram atendidos. No primeiro semestre de 2023, essa taxa subiu para 80%.

24.abril.23. A razão social do Twitter vira X. A marca apenas altera oficialmente a rede social em julho. A empresa também deixou de ser uma entidade independente após a fusão com a X Holdings, outra empresa de Musk.

6.abril.23. O Brasil tem uma onda de ataques em escolas que leva a justiça a exigir que o Twitter modere conteúdos que fazem apologia à violência escolar. Na época, o governo se comunicou com a plataforma através de seu escritório no México.

31.março.23. Musk cumpre sua promessa de abrir partes do código do Twitter após alguns trechos serem vazados no GitHub. Essa abertura deu detalhes sobre como a rede social recomenda posts na aba For You, mas foram tantas mudanças desde lá que não temos como saber se os critérios são os mesmos.

20.março.23. Todos os emails enviados ao email global de comunicação do Twitter começaram a ser respondidos automaticamente com um emoji de 💩.

6.março.23. Devido às constantes mudanças na interface, o Twitter enfrentou pelo menos seis quedas no primeiro semestre de 2023 por problemas em sua infraestrutura interna.

20.fevereiro.23. A autenticação de dois fatores se torna mais um produto pago do sistema de verificação e assinatura do Twitter. Ferramentas de acesso à API da plataforma, muito usadas por jornalistas e pesquisadores, também seriam cortadas pouco depois.

9.janeiro.2023. Twitter encerrou seu contrato com a empresa que cuidava da assessoria de imprensa da rede social no Brasil. Logo em seguida, a plataforma se torna a mais citada nas denúncias recebidas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) após o 8.jan.23.

2022, do fim até a aquisição

16.dezembro.22. Musk começou a suspender perfis de jornalistas que o questionavam por banir contas que tuítam localização em tempo real de pessoas, incluindo do jatinho do bilionário.

30.novembro.22. As equipes do Twitter que cuidavam da moderação de conteúdo são drasticamente reduzidas e, no fim, terceirizadas.

28.novembro.22. Dados de milhões de perfis, obtidos em dez.2021, são distribuídos gratuitamente em fóruns de cibercriminosos. Outro vazamento aconteceu em jan.23.

23.novembro.22. Com o fiasco do sistema de verificação e falhas na moderação de conteúdo problemático, cerca de um terço dos anunciantes abandonaram o Twitter. A empresa tentou tranquilizá-los, mas sem sucesso.

21.novembro.22. Twitter reverte os banimentos de figuras tóxicas e controversas, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que havia sido bloqueado em quase todas as plataformas após o 6.jan.2021. Grupos de esquerda e perfis que faziam paródias de Musk e outras figuras da extrema direita são bloqueados.

11.novembro.22. Cerca de metade dos funcionários do Twitter foram demitidos. O escritório brasileiro foi afetado no mesmo dia e, mais tarde, fechado definitivamente. Nas semanas seguintes, outras centenas de trabalhadores renunciaram.

9.novembro.22. Musk tem sua primeira ideia de mudar o sistema de verificação de perfis no Twitter. O sistema sofreu várias alterações ao longo de novembro, após usuários descobrirem ser possível parodiar qualquer pessoa ou marca.

28.outubro.22. O Twitter sai oficialmente da bolsa de valores, o que significa que a empresa não precisa apresentar documentação regulatória extensa a órgãos de fiscalização e entidades governamentais.

27.outubro.22. A aquisição é concluída, com Musk publicando “o pássaro está livre”, em referência ao antigo logo da rede.

Vários executivos de alto escalão foram demitidos no dia da aquisição. Na época, então funcionários do Twitter escreveram uma carta aberta condenando os planos de demissões em massa e alertaram sobre possíveis consequências negativas para o funcionamento da plataforma.

14.abril.22. Musk fez uma oferta oficial de US$ 44 bilhões para comprar o Twitter. Até outubro, quando a aquisição foi concluída, o bilionário recuou várias vezes, mas foi obrigado a finalizar o processo após uma decisão judicial.

Reportagem Sofia Schurig
Arte Rodolfo Almeida
Edição Sérgio Spagnuolo

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